OLHA O BOI

 Tenho lindas lembranças de menina, quando minha mãe nos levava pra ver as brincadeiras de boi de mamão, num tempo em que ainda não havia luz elétrica em Bombinhas (ops, como estou velha), mas é verdade, a luz elétrica chegou aqui quando eu tinha 7 anos, então não havia muita distração, me lembro de pessoas idosas contando histórias na calçadas, à noitinha, depois do banho tomado e as brincadeiras de roda à luz do luar, são experiências tão simples, mas que enriquecem a existência da gente e ficam guardadas na memória de uma criança por toda a vida. 

Essa peças foram feitas em argila, por mãos abençoadas da minha tia Judi e minha prima Raquel

"Vem cá meu boi, vem cá
TE LEVANTA DEVAGAR
QUE É PRA NÃO ESCORREGAR

TE LEVANTE BOI MALHADO

TE LEVANTE DEVAGAR"

Esta Bernunça elas fizeram sob encomenda para numeração de uma casa

"TAVA DEITADO NA SOMBRA
QUANDO OUVI FALAR EM GUERRA
QUANDO ACABA ERA A BERNUNÇA
QUE VINHA DESCENDO A SERRA"

 "O nosso boi vem na frente

Vem em primeiro lugar Bernúncia tem boca grande

Povo não vai se assustá" 

 Hoje, esta manifestação cultural só é encontrada em festas folclóricas, resgatada por grupos que lutam por manter viva nossa cultura popular.

Vou deixá-los com esta citação:

"Festas e bois são falas, são linguagens. Não são objetos e, na verdade congelados nos museus, sentem-se como condenados à morte. São coisas vivas, modos de sentir, pensar, viver e "festar". São um dos sinais do que as pessoas lançam mão para trocar entre elas o que é importante: objetos, bens, serviços, situações, poderes, símbolos, significados. (...)."

BRANDÃO , Carlos Rodrigues. O Que é Folclore. São Paulo: Brasiliense, 1982, pg. 84.

Este foi mais um quadrinho que encomendei, representa minha família, Daniel, eu, Izadora e Pedro. Aí minha tia, que é fofa demais da conta, me deu de presente.

Beijos, que Deus abençoe à todos!